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Capa em Xerais de Herba Moura, de Teresa Moure |
aquiltar: [ing. quilt] colocar a memória de pessoas
numa colcha de retalhos.
primeiro foi patchwork, e assim levam de título os três poemas geradores, aqueles que fam referência á arte de tricotar, gandujar e coser, todo junto e misturado.
porém, algumhas das primeiras lectoras duvidaram do título: uma palavra inglesa... já está mui visto... olha o erva moura da moure, até o leva na capa... e comecei a dar-lhe voltas...
eu gostava de
patchwork porque essa é tal qual a estrutura do poemário: um conjunto de retalhos de diferentes procedências (literatura de tradiçom oral, cinema, história, idade meia, literatura culta, antropologia, televisom, século xx...) entramados com diferentes técnicas para construir uma colcha, um livro. mas tinha na cabeça esses comentários.
do sintagma
colcha de retalhos (a traduçom mais aproximada de
patchwork) nom acabava de gostar, pois para mim os retalhos traiam consigo uma
conotaçom de resto, sobrante ou desperdício que em absoluto se correspondia com o valor que eu lhe dava ao livro e as estórias que este recolhe.
assim que dei em inventar a palavra que dera título ao conxunto, que para algo sou poeta: como em realidade o livro brinca com o concepto do indo-americano
wedding quilt, optei por brincar eu com essa palavra inglesa e galeguizá-la no neo-verbo
aquiltar: colocar pessoas numa colcha de retalhos.
e assim nasceu aquiltadas, evocando também, para mim, uma outra palvra: o quilate, a capacidade de pór em valor a história das mulheres que eu coloco em cada poema. o objectivo deste livro.