26 de fevereiro de 2012

ponto historiado

as mulheres na história à vista de hortensia fernández

é o historiado um ponto básico, pois serve de molde e imitaçom para outros pontos mais singelos. mas tem uma dificuldade: acompanha a sua escassa presença no mundo do tecido da exuberância decorativa. nom é muito habitual, porém adorna imensamente, o qual faz que pareça mais frequente do que na realidade é.
 
a primeira mulher que lembro conhecer na escola entanto mulher importante foi madame curie. lembro-a numa dessas leituras que fechavam tema no livro de sociais. e lembro ter ficado surpresa de que uma mulher pudera ser cientista! a outra que lembro, por suposto, rosalia.
porém, as duas tinham um pero: eram senhoras de... madame curie era a esposa e ajudante do doutor curie, o autêntico, nom uma maria skłodowska autónoma e como ideias próprias. e rosalia aprendim-na, ademais de um algho choromica, como a esposa do insigne murguia, que ás noites na cozinha botava-lhe um anda, mulher, escreve algumha dessas coisinhas tam jeitosas que escreves e ela lá o oferendava com uns versos.

realmente, nom aprendim nenguma mulher importante que valesse de modelo a seguir até saber de lidia senra, líder durante anos do sindicato labrego galego. a ela devo-lhe ter sido a primeira da que eu soubem sem homens de por meio. com o engadido de ser ela galega e contemporánea. num mundo no que só conhecia políticos, sindicalistos, chefes, presidentes e conselheiros agromou lidia senra, mandando sobre uma cheia de homazos sendo mulher e mais bem pequeneira. e por primeira vez vim a realidade representada tal e como eu a vivia.
porque no meu entorno eram as mulheres as que levavam as vacas, polo que o lógico seria que uma mulher dirigisse um sindicato agrário. só que o lógico nom era o real. em todas as casas da redonda, entanto o homem tinha um trabalho assalariado fóra, a mulher fazia-se cargo da gestom do gado, do leite, das leiras. quando eramos crianças era a nossa nai a única que nom sabia conduzir. a  imagem que eu tinha das outras mulheres da aldeia era a da bata cruzada, pano negro ao vento a bater como bandeira e o saúdo com a mão mentres guiavam o john deere polas pistas para abrir caminho à semente, carregar pacas de erva ou tojo e desbroçar o monte.
lídia senra foi a primeira mulher líder da que eu soubem e foi a que me fez pensar que igual faltavam muitas representantas da realidade quotidiana na esfera pública.

casualmente, estas três mulheres nom tenhem poema próprio nas aquiltadas. por isso as traio hoje aqui.

25 de fevereiro de 2012

safári

Trabalho Desenvolvido Pala Associação das Costureiras de Itapagipe.


um poema tributo. dedicado a um cidadám exemplar, o criador de um império invejado no mundo. um empresário que antes de deslocalizá-lo, fomentou o trabalho escravo na própria terra. e seique lhe devemos agradecemento.

conheço pessoas que trabalhárom há já anos en obradoiros clandestinos que cosiam para zara. ou para outra empressa que trabalhava para outra empresa que trabalhava pra zara... sem seguro, fazendo horas de mais, se poder enfermar, cobrando menos do que marcavam as nóminas... hoje som pessoas de marrocos ou brasil, mas antes estivérom aqui.

este texto nasce duma anedota pessoal. eu, caminhando pola minha vila, a estrada, vim, uma manhá qualquer, como, chegada a hora do jantar, começarom a sair mulheres dum local aparentemente sem habilitar para negócio nengum. o que alí havia era um obradoiro clandestino desses que sempre pensamos que só existem na china ou na índia.


a imagem tirei-na de aqui. é da galeria de fotos Gov/Ba.

13 de fevereiro de 2012

guerrilheiras 1

Chelo com a sua família, antes do golpe de estado do 36
 para mim foi um orgulho participar naquela luita e nunca renego do meu passado nem me nego a falar daquilo. naquel tempo às mulheres que andavamos com guerrilheiros chamavam-nos putas. eram os fascistas e a guarda civil os que diziam isso: "as putas dos roxos, essas estám fodidas polos roxos", dizia o cartón aquel do quartel de ponferrada, quando estavamos várias moças de guerrilheiros. é algo que nom admito. as guerrilheiras eramos como todas as mulheres e nada tinhamos que ver com a imagem que tinham de nós: apaixonavas-te por um guerrilheiro como podias apaixonar por outro homem. eles eram honrados. entre nós havia muito respecto e nunca che diria um guerrilheiro uma palavra que ti nom quigesses escuitar. por outra parte, nós sabiamos qual era a nossa luita. eu era dona dos meus actos e nom tinha que dar explicaçons a ninguém. a sociedade daquele tempo nom nos entendia. 
consuelo rodríguez lópez, chelo, cujo testemunho recolhe aurora marco na obra mulheres na guerrilha antifranquista galega, 2011.

11 de fevereiro de 2012

as sapatilhas encarnadas 2


as sapatilhas encarnadas é um conto de fadas recolhido h. c. andersen. conta a história duma menina pobre e orfã que nom tem dinheiro para uns sapatos. porém, como é muito esperta, com retalhos de teias que encontra na rua fabrica as suas próprias sapatilhas; assim caminha quente e aprende a dançar. mas a menina é adoptada por uma velha rica, que a anima a desfazer-se dos sapatinhos e lhe oferece umas maravilhosas sapatilhas encarnadas. sapatilhas que trazem com elas a maldiçom: a de nom poder deixar de dançar, o que leva a menina a morrer extenuada se nom se auto-mutila para se desfazer delas.

a versom de andersen está já peneirada polo crivo do cristianismo e a moralidade. aparecem anjos e deuses, salvadores ou castigadores, segundo se olhe. mas o conto ressuma velhas tradiçons europeias que levam ás sapatilhas encarnadas com as que se identificavam as bruxas ou mesmo á noite das walpurgis e as suas danças arredor do lume.

em volta destas fogueiras, naceu este poema.

o vídeo é o trailer de apresentaçom da versom do conto ilustrada por sara morante e publicada em impedimenta.

5 de fevereiro de 2012

as bombardeiras do fio

olhar duma maneira diferente o mundo a través da calceta:

Guerreiro romano da DOMUS, Corunha
Muller com espelho, Madri


Mas o melhor é ver a calceta feita acçom colectiva:


Yarnbombing Coruña from www.enimaxes.com on Vimeo.